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- Categoria: desmistificando
Adoramos pegar algumas expressões bem comuns no mundo do vinho, mas que não são necessariamente bem compreendidas, para mostrar que o vinho e seu universo não precisa ser misterioso, não.
Então, vamos lá:
Por que as descrições de vinho falam tanto em “fermentação em aço inoxidável, com controle de temperatura”?
Qual é, afinal, a importância disso?
Voltemos no tempo. Até meados do século 20, a imensa maioria dos vinhos era fermentada em barris de carvalho. Como a temperatura da fermentação afeta muito o estilo final do vinho, não era nada fácil produzir vinhos de qualidade em climas mais quentes, ou mesmo garantir certa estabilidade de estilo, de um ano para outro.
O impacto dessa dificuldade era sentido, principalmente, na produção de vinhos brancos, que precisam de uma temperatura inferior a dos vinhos tintos, na hora da fermentação. Só era possível produzir excelentes vinhos brancos onde o clima era naturalmente frio, como os Chardonnay vindos da Borgonha, os Rieslings da Alemanha...
Onde o clima não ajudava, e a temperatura ambiente era mais alta que a ideal, o vinho produzido acabava apresentando-se flácido, ou seja, com falta de acidez, e, consequentemente, com pouco aroma e pouco sabor.
Fermentar em grandes tanques de aço inoxidável, com dispositivos de resfriamento para controle da temperatura de fermentação, foi uma possibilidade que apareceu em meados do século 20 como um método revolucionário, sem dúvida. Mas, por outro lado, um método caro o suficiente para inibir a iniciativa dos produtores.
Foi Émile Peynaud (1912-2004), importante enólogo do século 20, e professor de enologia da Universidade de Bordeaux, o responsável por conscientizar os produtores a respeito da importância do controle da temperatura do vinho, sensibilizando-os para que investissem nessa nova tecnologia, que começava a se tornar comercialmente acessível.
Atualmente, é comum que grande parte dos vinhos seja fermentada em aço inoxidável, com controle de temperatura. Mesmo assim, não deixa de ser uma informação relevante, ao consumidor, pois indica que o vinho, mesmo que tenha sido posteriormente envelhecido em carvalho, tende a apresentar preservados o seu caráter frutado, frescor, acidez e aromas.
Pronto. Desvendado o significado dessa expressão: fermentação em aço inoxidável, com controle de temperatura. Se você gostou desse artigo, provavelmente vai gostar, também, de ler um outro, clicando aqui.
E, se quiser conhecer mais sobre Émile Peynaud, uma das grandes personalidades do mundo do vinho, clique aqui.
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